Em frente ao meu prédio existe uma garagem que nos finais de semana se transforma em um boteco. Por causa de uma pixação no muro ao lado, costumo chamar o local de "Menor Bolado".
Eram 10h da manhã do domingo passado, quando uma dupla que canta ao som de um teclado, com aquelas baterias eletrônicas no fundo, começou a cantoria.
Eram 10h da manhã do domingo passado, quando uma dupla que canta ao som de um teclado, com aquelas baterias eletrônicas no fundo, começou a cantoria.
Já houve dias de eles ficarem cantando durante doze horas seguidas!! Com alguns intervalinhos.
Às vezes você está vendo um filme, num domingo, debaixo das cobertas, em que a cena é tocante e o silêncio faz parte do momento.
O personagem está na índia, tem que decidir se fica no ônibus que o levaria embora para achar sua mãe que é maluca, ou se deixa de embarcar para participar do funeral do menino que não pode ser salvo por ele mesmo na cena anterior. O momento explora a humanidade em seu sentimento mais nobre e solidário. Mas ao fundo, invencível, uma voz se esforça em alcançar uma nota bem alta:
Entre taaapas e beeeeeijos é óóóódio é deseeeejo é paixão é loucuuuuura".
Nesse dia em especial, eu havia chegado bem tarde no sábado. Digamos que o sol já brilhava, quando fui deitar. Digamos também que aquela música sertaneja, tocada com execução um tanto suspeita, parecia estar dentro do meu quarto e o meu acordar não foi lá uma experiência das mais gratificantes.
Só me restou aceitar a realidade. Aliás, certas realidades só servem para isso mesmo, servirem de teste para sua paciência e desapego. Mas eis que, no meio da tarde, um intervalinho se fez e nossos heróis colocaram uma música de fundo quase tão alta quanto:
"Há um menino, há um moleque, morando sempre no meu coração.
Nesse dia em especial, eu havia chegado bem tarde no sábado. Digamos que o sol já brilhava, quando fui deitar. Digamos também que aquela música sertaneja, tocada com execução um tanto suspeita, parecia estar dentro do meu quarto e o meu acordar não foi lá uma experiência das mais gratificantes.
Só me restou aceitar a realidade. Aliás, certas realidades só servem para isso mesmo, servirem de teste para sua paciência e desapego. Mas eis que, no meio da tarde, um intervalinho se fez e nossos heróis colocaram uma música de fundo quase tão alta quanto:
"Há um menino, há um moleque, morando sempre no meu coração.
Toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar à mão.
Há um passado no meu presente, o sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra o menino me dá a mão. "
Enfim, o mundo ainda tem jeito
Enfim, o mundo ainda tem jeito
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