terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Tempestade

Sob o vento ácido
que arrasta a noite
soprando a chuva fria
na escuridão
procuro me esconder
dos escombros
do abandono
que minha mente
insiste em volver


E eu me
recordo enquanto vivo
de ter dito
num passado longínquo
quando ainda olhavas para mim
com olhares de oceano
que eras linda como uma
tempestade
e amava teu espírito

e hoje
sem teu vento
sonho com tua brisa
e me jogo cego em teu
vendaval

Valeu galera!



Mais de cem pessoas se apertaram prazeirozamente no Bar Cai e Pira, no último sábado para o Fantástico Natal Invisível. Só de músicos deviam ter uns 20 se revezando no palco.

Por isso, a foto aí em cima pôde ser feita.

Temos que agradecer de coração a todos os músicos que participaram. A todos os que estiveram na platéia e a todos aqueles que não puderam ir mas que torceram para que tudo desse certo. A todos que viraram garçons de última hora porque o Dudu não estava dando conta, a todos que ajudaram de qualquer forma né Valéria? Espero que todos tenham se divertido como eu...

Foram pouco mais de quatrocentos e cinquenta quilos de alimentos destinados à Fundação Espírita Alan Kardec. Essas cestas costumam durar na casa das famílias até março...

As fotos aí embaixo eu roubei do orkut do Fred Fonseca. Se alguém tiver mais manda por favor!!


Rolou um Pink Floyd no meio da noitada


Fred e Sarita fizeram o níver deles lá


Os Minença participaram com o show It's only Rock and Roll


O grupo Gato por Lebre foi ressuscitado no meio da noite

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

FNI

Amiguinhos, muito obrigado pelo Fantástico Natal Invisível. A festa esteve alucinantemente agradável. Muitos músicos e platéia incrível. Valeu messsssmo!

Aguardem aqui fotos e outros informes!

Natal 4


Ai você sai correndo...a corrida é de obstáculos, aqueles mesmos de sempre, o camelô etc, mas você se esforça, uma música toca na sua cabeça, aquela daquele filme das olimpíadas, qual o nome??? Deixa para lá, você sente um herói quando consegue entrar nas lojas americanas.

Americanas...Americanas...Americanas...

Outros pensamentos vêm à cabeça mas você precisa se concentrar...

Mas não sabe porque, fica se perguntando qual o sentido da vida quando olha o caos instalado no estabelecimento.

"De onde viemos, para onde vamos, qual o sentido da morte, porque o viés de alta dos juros na taxa selic..." opa esse último foi delírio. Talvez causado pelo efeito lisérgico da cena maluca em conjunto com aquele pagode meloso que rola nos alto falantes da loja. A música é entrecortada pela voz metálico-venusiana de uma mulher...

"hoooje na seção brinquedos promoção de hot wheels, últimas unidaaaades".

Sua fé é abalada ao olhar a fila do caixa...você lembra então do seu sobrinho se recompõe e, pronto!...só mais duas horas e finalmente sai da loja. O celular toca...

_Alô!
_Ô doidão, esqueceu da festa de fim de ano?

Ai meu Deus, a festa do trabalho. Foram tantas festas essa semana que eu achei que já tinha passado por essa.

Teve o amigo oculto da turma de meditação na segunda. Ganhei um incenso, mas não foi novidade. Todo ano todo mundo ganha incenso lá, só varia o perfume. Parece um acordo tácito, de nível inconsciente, muito longe das decisões ansiosamente cartesianas do dia-a-dia.

Na terça teve a cervejinha da turma da sauna. Ninguém sabe para que esse povo faz sauna. É só uma desculpa para tomar cerveja e falar besteira o ano inteiro e, no fim do ano, a desculpa fica mais forte. O lema do grupo é "a diferença entre o casamento e a prisão e que lá eles deixam você jogar bola no fim de semana". Não sou casado mas eu rio assim mesmo.

Na quarta teve a confraternização do pessoal do prédio, feita exclusivamente para contar piadas sem graça e falar mal do síndico. Mais um amigo oculto. Ganhei um incenso. Deu vontade de cantar. "Ah insensatez...que você fez coração mais sem cuidaaaado..."

e hoje isso...é melhor você sair correndo. Joga o pacote enorme do presente de seu sobrinho num táxi e vai para o escritório...


Continua

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Cuma?

Há muito tempo nas águas da Guanabara...sempre quis começar um texto assim. Mas tudo bem. Volta a fita

Há muito tempo na Faculdade de Comunicação, foi realizado um debate sobre a pós-modernidade, ou seja, esse sentimento que nos é contemporâneo de que tudo (as estéticas, ideologias, filosofias) foi destruído, tudo está em frangalhos e apenas juntamos os caquinhos de um mundo que perdeu a raiz.

Tipo aquela sensação da música do Kid Abelha: "Eu sei de quase tudo um pouco e quase tudo mal", aquele sentimento de que tudo o que vemos e sentimos na TV, nos jornais, revistas e internet é falso, ou cópia de algo real, o que dá no mesmo.

Daí a razão cínica, aquela em que o caboco critica tudo e não se engaja em nada porque tudo é ruim ou contaminado de erros ou ideologias, que afinal de contas estão todas falidas. aaaaarrrrgh!!!!

Melhor parar por aqui...há outras pós modernidades mais positivas como aquelas que nos levam a um questionamento espiritual mais profundo, mas essa discussão é muito longa e não era isso o que eu queria contar.

O fato é que o seminário sobre a pós modernidade rolou e a gente aprendeu mesmo e discutiu, mas havia umas palestras que sinceramente davam razão à frase do Raul Seixas...

"Olho os livros na estante/que nada dizem de importante/servem só para quem não sabe ler.../

Alguns palestrantes fórmulavam pérolas tipo:
(Leia pausadamente como se fosse um intelectual entediado, com as sombrancelhas arqueadas, chateado com a burrice dos calouros de comunicação)

"O indivíduo, despolitizado e inserido numa intersubjetividade crônica, aliada a um pessimismo niilista que se contrapõe a uma mercantilização do processo alienante da cosmopolitização da sociedade enquanto ser atuante da hermetização do discurso pós apocaliptico, pode-se contrapor, ainda que fragmentado, a uma confluência de forças escatológicas que o mainstream e suas hermenêuticas não conseguem permear em qualquer nível seja ele dialético ou absoluto".

Sacou?

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Natal 3


A vantagem da fila do caixa da imobiliária é o teste de paciência ao qual você pode ser submetido. Principalmente se você está com os pés molhados. A fixação com os pés molhados se deve ao caráter pisciano do paciente. Pé é algo meio estranho para quem estava acostumado com barbatanas. Por isso, o pé é um lugar sensível nesse povo.

Mas ah! Finalmente você paga a dolorosa e vai em direção a uma loja em busca do último Hot Wheels, para seu sobrinho. A carinha dele, quando receber o presente, vai fazer valer a pena ter entrado em uma loja lotada.


No meio do caminho, alguém vem em sua direção te olhando fixamente. Você começa a ficar com medo. Nunca viu aquela pessoa, mas lá vem ela. Ai meu Deus, está se aproximando. Você lembra da mulher e as sacolas, mas antes de fechar os olhos ante o inevitável impacto:

_E aí? Diz a figura de supetão
_Beleza? você responde automaticamente
_como está o povo?

Ai meu Deus que povo? Quem é esse aí? De onde a gente se conhece?

_Tá beleza...você está sumido...
Ih agora eu me arrisquei...eu e minha boca grande...

_Pois é eu tenho que aparecer mais né?
Ufa...passei por essa
_Então - ele continua - estou em Juiz de Fora para passar o natal com minha mãe.
Silêncio de três segundos que pareceu de três minutos.
_Legal - você diz com aquela sensação de era para dizer algo mais significativo.

Aí ele termina:
_Então tá Jorginho, eu vou nessa. Manda um abraço para o pessoal do banco.

Banco? Jorginho? Esse cara não me conhece!!!

_Deixa comigo, aparece lá na agência...digo aliviado

_Vou ver se apareço...

Mineiro quando não vai em algum lugar diz assim "Vou ver se apareço..."

Continua.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Distensão

As ondas revoltas se acalmam

ficam só os gritos do mar deserto
e decerto ainda me encontro sedento
ou não me sinto
ou não me vejo
apenas deliro em febre
descalço na neve
da falta que tua alma me faz

As horas baixaram suas armas

e a lâmina dos golpes se perdeu
foi-se a volúpia da mágoa
mas feito náufrago
flutuo na água rasa
derivo sob a lua
nas ruas confusas
de uma cidade fantasma

Natal 2




Desviar da senhora com as sacolas parece ter sido um daqueles lances da vida em que a gente fecha o olho e a coisa se resolve por si só. Quando você se dá conta, o perigo passou e você não sabe muito bem como.

Daí talvez venha um reforço na crença nos anjos da guarda. Você ainda está agradecendo a Deus quando percebeu que ainda não pagou a contas. A maluquice foi tanta que vc esqueceu qual era o objetivo inicial da odisséia natalina.

Pois bem, a imobiliária fica no próximo quarteirão, e você decide inteligentemente que nada, nada mais vai te tirar do sério. Assim, reunindo os esforços e respirando fundo, você encara bem a chuva, se desvia dos camelôs, daquelas meninas que ficam tentando pescar clientes para o agiota, daqueles caras com placas "compro ouro", dos panfletadores de festas pós vestibular e de uma ou outra poça dágua e segue em frente, determinado e resignado. Ao chegar ao local você percebe que há uma fila.... enorme.

Calma! Está tudo sob controle...seus pés estão molhados, mas e daí. O importante é que você chegou e ainda tem uma TV ligada para você passar o tempo. Na tela, um filme americano, um desenho animado, com um daqueles títulos tipo "Como a baleia free willy salvou o natal dos Flintstones na arca do Zé Colméia". Aí você pensa "eieieieie catatau, a maioria dos ursos não faria isso".
Mas mudam o canal, o filme também é sobre natal...só que dessa vez não é um desenho, mas conta a mesma história de sempre. Durante todo o ano o cara é um crápula, egoísta, cretino, machista. Sem brincadeira...o cara é mau. Aí vai chegando o natal e algo acontece...uma magia qualquer e pronts ele é tocado pela energia e se torna o cara mais legal do mundo e dá presente para todos os velhinhos e crianças desemparadas dos esteites e tudo fica lindo, a neve cai e a tela escurece... e você está na fila que não anda...já são perto das seis, a chuva aperta e vc se lembra que não comprou o presente do seu sobrinho...


Continua

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Foi mal

Olha, jornalista sofre. O stress e a loucura da redação não é algo lá esotericamente saudável.



Às vezes você escreve um texto e lê uma, duas, três vezes e está tudo certo. Seu Editor lê e tudo certo...até que o faxineiro olha o papel em cima da mesa e diz. Olha... casar está escrito com "z".

Puuuutz



quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Natal 1


Pronto, acabou o ano. Agora começa tudo de novo

Essa é uma época excitante!! E se você gosta de aventura, é um prato cheio. Vamos pensar por exemplo em pagar uma conta que só pode ser quitada no centro da cidade. Está chovendo e, se você é como eu, que não agüenta usar guarda-chuva, poderia ficar tentado a pensar que aqueles que usam poderiam andar mais fora da reta e deixar a marquise do calçadão para nós.

nananinanão

Eles gostam mesmo é do aconchego que essa época tão sentimental proporciona, todo mundo entulhado ali debaixo, é um bater de sombrinhas, com perdão da poetiza Valéria Leão.


Como se não bastasse, o indivíduo não percebe que aquela coisa esdrúxula aumenta sua área de ocupação em três ou quatro vezes e que na ponta tem uns ferrinhos que podem furar o olho da gente.

Bom, até agora apenas seus pés estão molhados e os camelôs gritam no seu ouvido que a sombrinha da Sandy está em promoção: apenas cinco real.
Se você não ficou surdo ou cego, avance três casas. Agora é hora da diversão. Você escapa do guarda-chuva, mas está na reta daquela dona cheia de sacolas que corre em direção do ônibus, ela olha para você naquela fração de segundos, bastante apenas para os olhos dela, lotados de rímel, se arregalarem e te meter aquele frio na espinha.
O malvado condutor do ônibus ameaça deixá-la para sempre vagando no limbo natalino. Ela vem com desespero e força, balançando as sacolas de supermercado e da loja de presentes.

Você tem opções: ou deixa a abobra lastrar, ou seja, deixa o impacto acontecer e que se dane a proliferação de 1,99's que vai se espalhar pelo chão, causando uma endemia, ou pode tentar desviar....



continua.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Deu no Uol

Pois é.
A bolsa de ferramentas que a astronauta Heidemarie Stefanyshyn Piper perdeu na semana passada durante uma caminhada espacial para garantir a provisão energética da astronave Endeavour vaga pelo espaço e pode ser vista com relativa facilidade da Terra.

É possível vê-la no You Tube

http://www.youtube.com/watch?v=iRW4ibfaZHI

Como só Deus sabe o que se guarda dentro da bolsa de uma mulher...é de se imaginar o que vai acontecer, quando os esfoliantes; umectantes; lenços umedecidos de papel com aroma de lavanda, em duas camadas finas que não irritam sua pele; shampoos com 87 vitaminas, todas as frutas, queratinas, e extratos naturais de raízes de jacarandá; batons para o dia e para a noite, cremes hidratantes; condicionadores anti frizz; grampos; escovas; toucas; meias vivarina; facas guinso; cartões de crédito e outras trocentas coisas começarem a se espalhar no espaço...


Talvez seja o armagedom

Música


Retombante!!!

Viva o povo brasileiro!!!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

5 - A Espera

Nas lides do meu cansaço
a dor adormece em meu sono
mas seu olho é o primeiro passo
do dia que insiste em retorno
eu sei... a primavera é difícil
em que o vento esfria e não se decide
passam-se os dias de silêncio morno
envelhecendo o brilho
das flores do início

Não sabes
o quanto espero

o canto que desejo

o tanto que observo
no vento que aguardo