terça-feira, 17 de junho de 2008

Ado, ado, ado


Ado ado ado, cada um no seu quadrado.

Essa é a letra de um funk que anda fazendo sucesso por aí. O vídeo com a dança do quadrado virou febre na net.
Fora o profundo teor poético instrínseco tanto na métrica quanto nas imagens que evoca, junto a uma rima rara e na verdade inédita, confesso que me surpreendi pela ausência do palavrão.
Fiquei esperando...daqui a pouco vem a ordem...seja prá balançar alguma coisa, vai descendo até o chão, ou algo do gênero, mas não veio. Só mesmo manda cada um ficar no seu quadrado. Tipo uma exacerbação do isolamento pós moderno...
Ado ado ado, cada um no seu quadrado.

Num exercício dadaísta ou surrealista você pode utilizar a frase do funk para aqueles momentos em que não há muito o que dizer a não ser algo surpreendentemente sem sentido, como: "nós precisamos averiguar as questões, reunir evidências, abrir sindicâncias...etc
Essas frases servem para confundir o questionador, tirá-lo do real e levá-lo a uma transcendência alienante. São infalíveis.

Tipo assim, alguém lhe pergunta:
"Mas todo mundo sabia que havia irregularidades nas (não) licitações da prefeitura e no reajuste das passagens, por que a câmara não investigou e apurou, acatando o pedido de alguns vereadores?"

Aí você repete a frase dadaísta do quadrado e fica tranquilo...a falta de chão faz o resto

Ou então aquela outra questão:
"Mas o senhor apoiou o prefeito, foi cargo de confiança e/ou do mesmo partido, como vem agora posar de paladino da austeridade, defensor das massas?"
É agora!

Pode dizer
...ado ado...

O que me desanima de tentar entender certas coisas é a frase seguinte do mesmo funk, que é simplesmente:

"Saci no Giratório"

Bom aí ficou um pouco demais...

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