quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Mundo Cão - um conto de fadas moderno
Ela chegou no bar muito bem vestida, salto alto, bem maquiada, mas não se encaixava no estilo muito roquenrol daquele boteco. Olhou com uma cara de desprezo para as formas rústicas locais e pegou com a ponta dos dedos o "papelzinho" da comanda. A população nativa também não lhe apetecia, havia amantes de blues e música, mas, como a boate próxima estava cheia demais e lhe havia barrado a entrada, ela resolveu ficar por ali mesmo: quem sabe não aparecia um gatinho, afinal já havia algum tempo que estava só e a noite, apesar do bar nojento, poderia lhe render uns beijos, uma boca disponível e afável, quem sabe um roçar de línguas ou algo mais...
E eis que a moça desaparece na escuridão do pub, na noite...e sabe-se lá como tudo rodou e quantas doses foram direto para a carnificina dos neurônios.
Não dá para precisar como tudo exatamente aconteceu, mas o fato é que quatro horas depois lá vem ela novamente, cambaleando sob impiedoso ataque etílico auto provocado, com a sandália nas mãos, a maquiagem borrada, a meia rasgada, o olhar perdido em algum lugar incerto e insabido, um sorriso fixado no rosto como se tivesse sido carimbado, mas desprovido de qualquer sentido, e ainda só.
Apenas alguns novos amigos a carregavam. Na verdade não dava para saber quem carregava quem. Os sinais é de que a noite havia sido realmente qualquer coisa.
Os novos conhecidos a deitam no sofá próximo ao caixa do Bar e partem de novo prá folia, E lá ficou a menina, agora entorpecida no sono dos justos, depois da batalha sôfrega da noite e das escaramuças normais da balada.
Já eram seis da manhã quando o cachorro, que era solto sempre nesse horário, adentra o bar e procura seu refúgio predileto. Aquele mesmo aconchegante e quentinho sofá, onde nossa heroína hora ressonava em descanso justificável.
Nosso querido "Pat" já estava meio doido de tanto ouvir rock, pois, nos finais de semana, dormia atrás do palco, numa casinha, sob o impacto de guitarras distorcidas e microfonias.
Quando nosso simpático Bicho - simpático mesmo, ele era um doce - encontrou a Bebum de Neve, deitada em seu sofá encantado, pareceu tomado de umas paixão irresistível e lhe ofereceu logo de cara uma sessão intensa de lambidas no rosto. Rabinho balançando e as lambidas se sucedendo. O amor é lindo!
Dando mais suspense ao conto de fadas, nossa Tonta de Neve não acordou de pronto e foi preciso que sua linda face ficasse melada como numa mistura de saliva canina e rímel, baton e outras toxinas para que ela finalmente abrisse os olhos e contemplasse seu principe encãotado.
Afinal ela havia encontrado um pouco de carinho e uma boca disponível.
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