No final do ano passado, a ONG World Wildlife Fund divulgou um alarmante e apocalíptico relatório do nível atual da exploração dos recursos naturais do planeta. As conclusões do documento atestam a incapacidade da terra em gerir recursos para o crescente aumento da demanda humana. A sociedade capitalista em seu ápice, geradora de novos produtos e necessidades, tem aí uma de suas consequências nefastas.
O sistema atinge ou busca atingir níveis cada vez maiores e mais artificiais de compra e venda, de aquecimento do mercado, de crescimento econômico sem a preocupação com a sustentabilidade do meio ambiente, apenas com a acumulação, relegando a uma esquerda, taxada de ecochata, a preocupação com a questão ambiental. Assim, tal sistema se constituiu e ainda se mantém como ator principal do aumento desenfreado da exploração predatória das riquezas naturais do planeta.
O estudo mostra que o atual padrão de consumo de recursos naturais supera em 30% a capacidade do planeta de recuperá-los, ou seja, a natureza não mais dá conta de repor o que o mercado toma.
Durante muitas décadas a sensação de uma natureza repleta de fontes inesgotáveis representou um certo consenso e ainda hoje há cientistas, citados pelo ex-presidente George W. Bush em sua relutância em assinar protocolos ecológicos, que não admitem os estragos feitos.
Os dados do documento continuam alarmando. Se o homem continuar a explorar a natureza nos níveis atuais - isso sem contarmos a criação de novas demandas, novos aparelhos, novas necessidades etc - em 2030 serão necessários recursos equivalentes a dois planetas Terra para atender ao padrão de consumo.
Além dos problemas do aquecimento global, da falta de água e alimentos decorrentes do quadro de exploração desenfreada, a alta dos preços derivada da escassez pode levar países inteiros, que já sofrem com a fome, a tragédias sociais ainda maiores que as já constatadas. O quadro pode levar ainda as grandes potências a novas guerras por matéria prima, água, fontes energéticas e alimentos. Novos conflitos que exigirão aumento de esforços energéticos além da óbvia destruição decorrente.
Para exemplificar a discrepância e a insanidade do consumo desenfreado das grandes potências, tomemos como exemplo o “american dream”, o qual, se fosse espalhado democraticamente por todo o planeta, levaria o mundo a um rápido colapso, ou seja, caso o resto do mundo consumisse como os estadunidenses hoje fazem, precisaríamos de quatro planetas terra para dar conta do recado.
O potencial autodestrutivo do capitalismo e suas bolhas especulatórias tão alardeado por economistas, marxistas e estudiosos do sistema parece contaminar todo a sociedade, como se ela própria, vestindo a camisa do pensamento único neoliberal decretasse sua autodestruição.