quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Menina dos Sinos

Menina dos sinos
das catedrais milenares
em dias divinos

Enigma vítreo
De olhar flutuante
e palavras de afrescos

Música tácita
paisagem de adágios
e perfume da chuva

Olha prá mim e diz
quantos séculos
se passaram
desde o primeiro
olhar de entrega

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Anjo

O perfume que escorre dos olhos da moça
escolhe caminhos de outra dimensão...
e então, fascinado com o azul de sua alma,
adormeço na brisa que sopra teu sonho

Cá estou eu olhando o vale profundo
que flutua suave em tua voz
e na rapidez de seus átomos
ela sorri como paisagem de monet

Anjo translúcido, onde estarás agora?
Sinto a lufada de tuas asas a milênios de distãncia...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ela olhou as horas

Ela olhou as horas
e me disse:
_Tenho que ir

e de fora do espaço
decretou
o fim da canção

Sem espasmos
sem ocasos
apenas a saída
sem peso
ou passos apressados

apenas o caminhar para a porta
sem perceber a devastação
e o deserto calcinado
que derreteu meus dias

e assim, levemente
criou nova melodia
na direção do adeus,
arrancando as folhas do livro
trincando os vidros
estilhaçando um aviso:
Atenção navegantes!
O caminho da saída será longo...
para quem fica.